Feliciano e o pensamento de manada
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Feliciano e o pensamento de manada


Récua se preparando para mais um protesto

Em toda a minha vida nunca presenciei uma imbecilidade coletiva tão evidente como esta que está ocorrendo no Brasil atualmente. Com o tempo, no entanto, percebi que a situação era ainda mais grave do que parece à primeira vista.

Toda esta histeria contra a permanência do deputado Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos tem um aspecto mais profundo e mais importante do que o circo armado na imprensa e nas redes sociais.

Como ando com pouco tempo, decidi escrever esta rápida postagem, que apesar de curta e até superficial, resume o que penso a respeito. Se for preciso e quando der tempo, farei outra mais completa.

Boi de piranha
Existe uma expressão popular para o ato de sacrificar o mais fraco de forma a permitir a sobrevivência dos mais fortes. Os criadores de gado, para atravessar um rio infestado de piranhas, matam algum animal velho ou doente e o colocam em um ponto do rio, de forma atrair todos os predadores. Enquanto as piranhas devoram o pobre animal, o resto do rebanho atravessa em segurança em outra parte do rio.

Enquanto a podridão corre solta nos gabinetes e autarquias, e as novas mentiras do governo vão aparecendo a cada dia; enquanto a seca do nordeste mata pessoas e milhares de animais; enquanto condenados em última instância assumem mandatos e cargos de confiança; enquanto a corrupção e a incompetência estão evidentes em todos os gabinetes, não parece curioso que o governo, que detém maioria no Congresso, permita que um deputado contrário à sua vontade de ?modernizar os valores? da sociedade consiga a presidência da Comissão de Direitos Humanos?

E não é que eles conseguiram desviar a atenção de toda uma nação? Pense nisso...

E a Constituição?
A Constituição Brasileira garante a todo cidadão o direito de se expressar, mesmo quando está errado, mesmo quando fala bobagens. Garante também que ninguém é culpado até que se prove o contrário. Não existe democracia sem estas duas garantias.

O teste efetivo para se reconhecer um democrata é quando ele se depara com opiniões contrárias à sua. Quem grita pela democracia, mas ao primeiro sinal de discordância quer eliminar o contrário é um hipócrita, nada mais que isso.

O fato
Antes de qualquer outra coisa, vamos analisar os fatos. O pastor e deputado federal Marco Feliciano disse o que pensa. Errado ou certo, não vem ao caso agora, ele tem este direito. Quem diz isso é o bom senso e a Constituição.

A imprensa, com seu preconceito exacerbado contra religiosos de todas as vertentes, mas principalmente contra os Cristãos, eleva a dimensões estratosféricas as falas ou mensagens do pastor, como se aquilo fosse algum crime, o que efetivamente não é. Vou repetir porque sei que o nível de compreensão anda muito baixo: ele expressou uma opinião, de acordo com os direitos que nossas leis garantem não apenas a ele, mas a todos os brasileiros, inclusive aos idiotas que estão esperneando por aí.

A reação
Logo após surgiu uma reação desproporcional, raivosa e alucinada, contra a eleição e a permanência do deputado na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A imprensa deixou de lado sua fingida imparcialidade e partiu para o ataque, muitas vezes pessoal e até familiar. Não vi essa indignação diante da roubalheira do mensalão, também não vi nenhuma gritaria por causa dos resultados ridículos de nosso sistema educacional, e nem mesmo diante dos 50.000 homicídios anuais. Que indignação é essa? Que tipo de sensibilidade essa gente tem?

Outra coisa: racismo é crime, e cabe ao acusador provar o que diz. Caso contrário, comete calúnia, ou falsa imputação de crime, que no Brasil é crime também (artigo 138 do Código Penal). Ninguém se atentou a isso. A imprensa, que utiliza o "suposto isso", "suposto aquilo" mesmo diante de um réu confesso, não teve a mínimo respeito e colou em Feliciano o carimbo: "racista e homofóbico".

Gravidade (ou ?o buraco é mais embaixo?)
Toda esta histeria coletiva parece espontânea, mas não é. Existe um método e uma estratégia por trás desta massa de manobra que atua como um batalhão de choque da imbecilidade. É claro que muitos que estão protestando contra o deputado acreditam estar agindo em prol dos direitos humanos, do bem e da Justiça. Sinto desapontá-los, mas estão sendo manipulados por interesses muito menos nobres e pouco difundidos.

Na verdade, o pensamento de manada (ou récua, melhor dizendo) que está se evidenciando no ataque ao deputado Feliciano obedece a um método de tomada de poder que não passa pelas vias normais, democráticas e constitucionais.

Como sabem que a maioria das pessoas é silenciosamente contrária às suas idéias e que teriam suas causas derrotadas em uma confrontação direta -- um plebiscito, por exemplo --, preferem o caminho mais fácil, mais sujo e nem um pouco democrático.

O método é o seguinte: junte um bando de ativistas desocupados ? ou ideólogos ocupadíssimos--, meia dúzia de ?artistas? e mais uma penca de jornalistas ?comprometidos com a causa?. Pela gritaria que fazem, arregimentam mais um bando de desinformados (Lênin chamava de idiota útil) que idolatram estes pseudo-artistas e então fica parecendo que sua causa é universal, sacrossanta e intocável.

O truque tem dado certo porque a sociedade brasileira foi emburrecida em décadas de revolução cultural, pela ditadura do politicamente correto e pela idolatria da televisão e do show business. Quando estas pessoas desinformadas se vêem diante de tamanha gritaria na imprensa, pensam que fazem parte de uma desgraçada minoria insensível. Na verdade, a maioria da população precisa trabalhar e pagar os impostos que vão financiar toda essa bandalheira, por isso não tem tempo de participar deste circo que eles chamam de ?protesto?. Então sua opinião é reprimida a ponto de parecer inexistente.

A gravidade desta situação vai muito além da Comissão de Direitos Humanos. A tentativa de pressionar, no grito, a renúncia de um deputado até então inocente, eleito por mais de 200.000 pessoas, que chegou onde está seguindo todos os ritos democráticos e constitucionais, trata-se de um ataque à democracia, à Constituição e aos direitos individuais de todos os brasileiros.

Esta nova forma de fazer política passa longe do voto e do embate democrático, está crescendo a cada dia no Brasil, e começa a se transformar num perigo gigantesco. Por isso a permanência de Marco Feliciano, hoje, representa a própria democracia. Espero que ele resista às pressões e não esqueça que a maioria do Brasil deve estar com ele.

Concluindo
Não conheço o pastor Marco Feliciano, não sou evangélico, não concordo com todas as suas opiniões e confesso que não sabia bem quem ele era até que esta onda histérica tomou conta da imprensa. Nada disso, no entanto, muda o que eu escrevi acima.

PS: Não deixem de ler este artigo


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