A Privataria Tucana
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A Privataria Tucana



Passei as duas últimas noites lendo A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. O livro é bem interessante e conta muitos detalhes das privatizações ocorridas durante o governo FHC. Como na época eu era um dos mais ferrenhos críticos do governo do PSDB, já conhecia algumas daquelas maracutaias, e desconfiava de outras. 

O jornalista demonstra talento narrativo e apresenta muitos fatos e documentos, o que fez do livro uma aventura bem agradável e até emocionante. 

Nunca fui contra as privatizações porque acredito que governo deve se dedicar exclusivamente à segurança, saúde e educação ? nesta ordem de importância -, no entanto, discordei na época e continuo discordando da maneira como foi feita a venda do patrimônio público acumulado por décadas, que transformou monopólio estatal em monopólio privado. Sempre achei evidente que muita gente enriqueceu com toda aquela história. Lembro bem que vazaram ligações telefônicas ? inclusive do presidente ? que sugeriam picaretagens ainda maiores. Pois bem, o livro do tal Amauri mostra muitas destas outras coisas que eu apenas desconfiava.

Além desse foco nas privatizações, o livro aborda também brigas internas nos dois partidos (PT e PSDB), com ramificações em estatais, órgãos públicos e de imprensa, além de fazer uma boa descrição de como funciona a lavagem de dinheiro da corrupção brasileira, certamente uma das maiores do mundo. Nem a CBF de Ricardo Teixeira ficou de fora!

O que existe de mais interessante no livro, a meu ver, são as narrações dos fatos por trás das campanhas eleitorais, tanto de um lado quanto de outro. O ?fogo amigo?, os dossiês, os vazamentos e as brigas internas de Aécio e Serra, no PSDB, e de Rui Falcão, Antonio Palocci e Fernando Pimentel, no PT constituem o ponto alto do livro. 

Acontece que este livro pode vir a confirmar a expressão ?sujo falando do mal lavado?. O autor, pelo que sei, foi indiciado pela Polícia Federal por ?crimes de violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e por dar ou oferecer dinheiro ou vantagem à testemunha? e tem o apoio irrestrito de toda imprensa petista, que se espalha em todos grandes veículos da mídia eletrônica e impressa, e pelos blogs ?independentes? que são financiados por dinheiro público. Isso me faz repetir a pergunta de sempre: ?Cui Bono??

Resumindo, o livro é bom e deve ser lido, como todos os documentos políticos, com ressalvas, já que o autor é parte interessada e, como ele mesmo diz, personagem da história. 

Last but not least, o livro confirma o que venho afirmando há alguns anos: a podridão existente na relação entre o poder e a imprensa no Brasil fez desta última nada mais que um garoto de recados.
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